domingo, 7 de dezembro de 2008

Orgulho de Bagdá


Antes mesmo de eu começar a elogiar descaradamente (e novamente) o trabalho de Brian K. Vaughan, não posso negar que em qualquer lista atual de quadrinhos não podemos descartá-lo. Nos últimos 3 anos ele ganhou "apenas" 5 prêmios Eisner, e entrou pra seleta lista de ganhadores de melhor roteiro (já que só o Alan Moore e o Neil Gaiman levam o prêmio ano após ano a lista de ganhadores é bem limitada).

Mas o assunto em si é a hq "Orgulho de Bagdá". Inspirada numa história real de 4 leões que em meio a um bombardeio em Badgá escapam do zoológico para serem fatidicamente mortos por soldados americanos. Como em todos os roteiros de Vaughan, precisamos de apenas uns quadros para criamos uma empatia com os personagens. Em "Orgulho de Badgá" temos os 4 leões, uma anciã, que por conta da vida sofrida que levou na selva (onde acabou perdendo um olho) tem no zoológico a sua zona segura. O macho alfa, que como um legítimo rei da selva se mostra abatido, por não poder ver o seu reino, quando a paisagem do pôr do sol no horizonte é trocada pelas paredes do zoológico. Uma jovem leoa, que sendo capturada ainda criança, ainda tem o ideal rebelde e o sonho da liberdade, que deve ser conquistada, além de seu filho, um leãozinho nascido em cativeiro, que nunca teve contato com a realidade fora de sua jaula.

Ao constatar pelo desespero dos pássaros, de que o céu está caindo, eles não têm idéia de que estão no meio de um bombardeio. E suas vidas mudam na hora em que um míssel atinge suas cela. Agora eles são livres, estão livres da jaula, mas estão no meio de uma selva de pedra, que eles não entendem. Não demora até que suas convicções e ideologias entrem em conflito, e é nesse ponto em que podemos ver claramente algumas críticas dos tempos de guerra em que vivemos. Que fazem com que os diálogos (que são mais discussões do que diálogos) ganhe um tom atual e de interessantes reflexões.

Se fosse somente pelo texto já teríamos aí uma grande hq, porém os desenhos de Niko Henrichon são fantásticos e dão um ar leve ao contexto pesado. Fora isso, temos referências visuais muito interessantes, como os macacos e o pequeno leão (visualmente igual a uma cena de Rei Leão), também temos a tartaruga anciã que introduz a realidade aos leões que lembra o visual da tartaruga de Procurando Nemo.

Como não podia deixar de ser temos em "Orgulho de Bagdá" uma obra de arte pautada sobre uma história real, que leva a discussão sobre a nossa realidade. Ou seja mostra quão relevantes quadrinhos podem ser quando usado como mídia para levar idéias e discussões de uma forma simples e objetiva.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Batman - A Piada Mortal


Enquanto fazíamos a lista acabamos por perceber que quando se trata de Batman, "A Piada Mortal" não é a graphic novel favorita de nenhum dos 3 autores dos blogs. Mas então qual é a razão desta hq estar na lista e não as outras? Talvez um motivo simples, todos concordam que "A Piada Mortal" é uma das melhores histórias do Batman e nada mais justo que colocar na lista a visão do Coringa por um gênio dos quadrinhos, ninguém menos que Alan Moore.

É graças a essa hq que pudemos ter a memorável atuação de Heath Ledger como Coringa, já que o Coringa clássico sempre foi tratado como um palhaço, com planos mirabolantes para capturar o Batman, com seus brinquedos extravagantes (como visto na interpretação do Jack Nicholson), apesar de ser lançado em 88, o Coringa de "A Piada Mortal" nunca chegou a ser uma unanimidade (ainda em 94 por exemplo temos "Batman: Louco Amor" de Paul Dini com o Coringa palhaço). Mas, sem dúvida o que vemos no tão aclamado Coringa do filme são as caracteristicas dadas por Alan Moore e Brian Bolland (visto a clássica imagem da risada enloquecida e psicopata).


Essas razões fazem com que "A Piada Mortal" seja justamente incluída em qualquer lista de quadrinhos, afinal não é sempre que temos o mestre Alan Moore criando uma nova visão para um personagem clássico, visto que se analisarmos friamente, o Batman está longe de ser o protagonista nessa hq. E o Coringa além de psicotico não foge suas origens de "palhaço", com visto nas últimas páginas. Mas esses detalhes não vou contar, pois se você ainda não leu "A Piada Mortal" já passou da hora de lê-la.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

And the Eisner Goes To ...

Era uma vez, três amigos que gostam o suficiente de história em quadrinhos ao ponto de serem capazes de passar a madrugada (a noite, a manhã ou qualquer outra expressão que meça tempo) inteira lendo e discutindo as diferenças entre a crítica social presente (ou não) no Tio Patinhas, ou as semelhanças entre Nick Hornby e Brian Vaughan.

A lista que colocamos aqui é o fruto de discussões acirradas, que levaram em conta características como relevância histórica, argumento, traço, roteiro e, é claro, gostos pessoais. Como toda lista que se preze, essa não pretende agradar a todos, até porque não agradou inteiramente nem àqueles que a fizeram.Cada um de nós irá fazer um post, com as informações das HQs e os argumentos que fizeram com que elas fossem consideradas "dignas" de morarem em nossa lista.

E como o santo é de barro, também faremos posts sobre aquelas que gostaríamos de ter colocado na lista mas, ou não fomos convincentes o suficiente, ou fomos espíritos de porco o suficiente.
So, that's all, folks!
Enjoy.

  • 1602 (Neil Gaiman e Andy Kubert)
  • Academia Umbrella - A Comitiva do Apocalipse [Umbrella Academy] (Gerard Way e Gabriel Bá)
  • O Alienista (Fábio Moon e Gabriel Bá)
  • Asterix: O gaulês (René Goscinny)
  • Batman: A Piada Mortal [The Killing Joke] (Alan Moore e Brian Bolland)
  • Charlie Brown [Peanuts] - (Charles Schulz)
  • Um Contrato com Deus [A contract with God] (Will Eisner)
  • Entre a Foice e o Martelo [Red Son] (Mark Millar e Dave Johnson)
  • Fugitivos [Runaways] (Brian K. Vaughan e Adrian Alphona)
  • Hellblazer: Pecados Originais [Hellblazer: Original Sin] (Jamie Delano e John Ridgway)
  • Malvados (André Dahmer)
  • Maus (Art Spiegelman)
  • Morte: O Alto Preço da Vida [Death: The High Cost of Living] (Neil Gaiman e Chris Bacholo)
  • Orgulho de Bagdá [Pride of Baghdad] (Brian K Vaughan e Niko Henrichon)
  • Persépolis [Persepolis] - (Marjani Sartrapi)
  • Preacher (Garth Ennis e Steve Dilon)
  • Rê Bordosa (Angeli)
  • Sin City: Dama Mortal [Sin City: A Dame to Kill For] (Frank Miller)
  • The Spirit (Will Eisner)
  • Tintin (Hergé)
  • Watchmen (Alan Moore e Dave Gibbons)
  • WE3 (Grant Morrison e Frank Quitely)
  • V de Vingança [V for Vendetta] (Allan Moore e David Lloyd)
  • Y! - O Último Homem [Y! - The Last Man] (Brian K Vaughan e Pia Guerra)

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Bubba Smith

Mais um post sem pé nem cabeça!

E hoje temos ninguem menos que Bubba Smith. Esse nem o degu lembra pelo nome!
Mas se eu falar Moses Hightower, ai vocês vão lembrar de Loucademia de Policia(1,2,3,4,5,6...) e ai já é!
Ele é o maluco com 2 metros de altura que não fala quase nada e só serve para sentar a porrada nos bandidos e vive aprontando altas confusões com uma turminha do barulho...

Curiosidades sobre a vida, o universo e tudo mais:

Foi jogador profissional de Futebol Americano:
1967-1971 - Baltimore Colts
1973-1974 - Oakland Raiders
1975-1976 - Houston Oilers

Participações mais q especiais que eu nunca ia imaginar:

- Sabrina Aprendiz de Feiticeira (Série)
(imagina ela tentando usar um feitiço alegrinho pra cima dele.. PORRADA nela!!!!)

- MacGyver - Profissão perigo (Série)
(hummm, essa eu quero ver, hein Angus, nem com um clips, nem com uma bazuca!

- As panteras - (1979- Série)
(de novo, bolacha nelas!!!!!!)

- And... The New Original Wonder Woman (Mulher Maravilha - 1978 - Série)
(Ahá, foi ele q apertou o cinto da mocinha, aquilo nem pode ser de verdade!!!)

Você acredita nisso?????
O cara é figurinha carimbada!!! E ainda nao acabou não, segundo o IMDB está trabalhando em 3 filmes, com 63 anos de idade!!!!

e pra finalizar a foto do malandrilson...



ps: Nem vem q eu avisei q ia ser sem noção!!!!!
ps2: Sim já acabou, chega de referências... E no mais nada mais. !

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Y! O Último Homem

Já vou começar avisando que sou um fã de Brian K. Vaughan, o autor da série. Ele é simplemente o criador da melhor série produzida pela Marvel nos últimos anos, Fugitivos. Além de escrever o arco "O Juramento" do Doutor Estranho, possivelmente um dos melhores arcos atuais do mago da Marvel, e escreveu "Leões de Bagdá" outra ótima leitura, e ainda é roteirista de Lost, e escreveu também ... Bom, chega né?!

Sobre Y! O Último Homem, somente ontem tive a oportunidade de ler as 60 edições em ordem (obrigado Aris por acabar com a minha madrugada). E só posso dizer uma coisa: é genial.

Y! começa com a morte de todos os mamíferos machos no mundo, na verdade nem todos, por algum motivo Yorick e seu macaco Ampersand sobrevivem ao acontecimento. Não entrando em detalhes, ainda temos na história ótimos personagens, como a agente 355 e a doutora Mann, além de Hero, irmã de Yorick.

Como se pode notar pelos nomes, temos um incontável número de referências interessantes, por exemplo muito do carater de Yorick é tirado do fato de Yorick ser o nome do bobo da corte em Hamlet (a caveira segurada por Hamlet numa das cenas mais famosas é de Yorick, e essa cena, como não podia deixar de ser é referenciada em Y!). Hero, sua irmã por sua vez é uma relização fantástica da Hero de "Muito Barulho Por Nada", mas não ficamos só em Shakespeare, a doutora Mann é uma homenagem a Thomas Mann.

Mas não paramos por aí, temos ainda muito de "O Mágico de Oz", muitas referências a filmes, como por exemplo "Ajuste Final" dos irmãos Cohen, citações de Chinatown, entre outros clássico. E é claro não poderia faltar Star Wars que é homenageada da melhor forma em "Hero's Journey", onde o título por si só é interessante, ao citar a "Jornada do Herói" que é utilizada para contar a história de Hero (para quem não sabe a Jornada do Herói é usada como estrutura para o roteiro de Star Wars).

Claro que várias referências legais não fazem uma boa história por si só, então além disso temos várias discussões interessantes ao longo da jornada de Yorick, como a ética (clonagem, experiencias em humanos, etc), a necessidade da guerra (principalmente na figura da israelense que eu esqueci o nome), a fragilidade da sociedade (principalmente no começo), a importancia da arte (com o grupo de teatro) e vários outros.

No fim, mesmo com todas esses interessantes adicionais, o que é melhor em Y! O Último Homem é a história, mas essa eu não vou contar, mas fica a indicação para quem aprecia quadrinhos.

sábado, 25 de outubro de 2008

It's No Good | Depeche Mode - 1977

Eu to muito doido, achei essa musica que está na minha cabeça fazem anos,
ela toca no Comand and Conquer Red Alert, um jogo meio antigo e hoje eu ouvi,
ta ai a letra (que nao interessa muito) mas pelo menos, s
e/quando eu esquecer eu procuro no google e caio aqui.

It's No Good | Depeche Mode

Im going to take my time
I have all the time in the world
To make you mine
It is written in the stars above
The gods decree
Youll be right here by my side
Right next to me
You can run but you cannot hide

Dont say you want me
Dont say you need me
Dont say you love me
Its understood
Dont say youre happy
Out there without me
I know you cant be
cause its no good

Ill be fine
Ill be waiting patiently
Till you see the signs
And come running to my open arms
When will you realize
Do we have to wait till our worlds collide
Open up your eyes
You cant turn back the tide

Dont say you want me
Dont say you need me
Dont say you love me
Its understood
Dont say youre happy
Out there without me
I know you cant be
cause its no good

Im going to take my time
I have all the time in the world
To make you mine
It is written in the stars above

Dont say you want me
Dont say you need me
Dont say you love me
Its understood
Dont say youre happy
Out there without me
I know you cant be
cause its no good

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Os filhos de Anansi


"Fat Charlie imaginou o que a mãe de Rosie costumava ouvir na igreja. Talvez somente gritos de "Para trás! Criatura horrível dos infernos!", seguidos de exclamações como "Está viva ou morta?" e de certo nervosismo por não saberem se alguém se lembrara de trazer uma estaca e um martelo."

Este é um dos muitos momentos do livro que você tem que parar de para rir, respirar fundo e continuar lendo do livro. Muito bom, bom mesmo, uma ótima indicação Degu. É humor do começo ao fim, se você gostar do trecho acima, pode ir ler, vai gostar.
Falow.

sábado, 18 de outubro de 2008

Basilisk


Hey hey, não sabia se cabia aqui, mas resolvi postar. Basilisk é um manga que mostra a luta de duas famílias, os Iga e os Kougas no Japão durante a era Keichou (1614). A luta descide o próximo Tokugawa (governante), entre personagens históricos está Hattori Hanzo. Uma batalha de 10 vs 10 entre ninjas. Muito bom. pode ser encontrado aqui e eu recomendo muito. São 5 volumes grandes, boa leitura.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Deuses americamos - Neil Gaiman

Hey hey, após umas férias estamos de volta, espero que pra sempre. Nesta semana terminei de ler Deuses Americanos do Gaiman. O livro fala sobre Shadow, um norte americano típico ( se você considerar ex-presidiário uma cosia comum) que encontra um deus (e vive as mais loucas aventuras com uma turminha pra lá de esperta ... ) e o contrata como garoto de recados. O livro comenta sobre uma infinidade de religiões, panteões, divindades e outras coisas que as pessoas adoram. Ele está cheio de referencias nerds, americanas, históricas e mostra o mundo (USA) de uma maneira diferente. Meu primeiro livro deste autor e gostei muito, foram muitas páginas em algumas manhas frias. Recomendo.



Ps: Poxa degu, e o amigão da vizinhaça ???? O cabeça de teia??? Ele é o nerd mascarado com super poderes, precisa de mais????

domingo, 28 de setembro de 2008

Festival do Rio 2008 - Sinédoque, Nova York (Synecdoque, New York)


Com certeza esse é um dos principais filmes do Festival do Rio, nada menos que o primeiro filme dirigido por Chalie Kaufman, o roteirista de Brilho Eterno de uma Mente sem Lembraças, Quero Ser John Malkovich, Natureza Quase Humana e Adaptação. Bom, acho que nem preciso falar que o roteiro do filme é genial, o começo aprensenta os personagens de uma forma simples e eficaz, toda cena termina como uma piada, com uma frase de efeito que acaba levando-nos a risada, o que faz com que nos apeguemos aos personagens de uma forma leve e engraçada.

As atuações são brilhantes, pricipalmente de Phillip Seymour Hoffman e Samantah Morton, e é a personagem dela que nos introduz ao mundo surreal que os filmes roteirizados por Kaufman têm. No meio da ambição do personagem principal de criar uma peça, vemos um pouco de Charlie Kaufman, apesar de não ser explícito como em Adaptação, vemos atraves do personagem o homem por trás das cameras, na verdade isso é tão sutil e surreal (graças também a atuação de John Malkovich), que acabamos por não saber o que é real e o que faz parte da peça encenada no filme (num certo sentido). A realidade e a surrealidade (se é que essa palavra existe) caminham justas ao contar o passar dos anos de desventuras amorosas, medo da morte e a busca pelo sentido da vida.

No fim até por ser o diretor esse é o filme que mais tem cara de Charlie Kaufman de todos os filmes que ele roteirizou.

Festival do Rio 2008 - Sleep Dealer (Sleep Dealer)

Depois de assistir Sleep Dealer pensei em vários filmes de ficção cientifica futuristas, e algo estranho me veio a mente, vários deles são baseados em futuros previstos a muito tempo atrás. Quer exemplos?

  • Blade Runner, Minority Report, O Pagamento e Homem Duplo são filmes baseados em livros do Philip K. Dick, só pra ter uma idéia de como são antigos esses livros, o escritor morreu em 1982.

  • Os 12 Macacos é baseado no filme francês La Jetée de 1962.

  • Matrix é baseado (não somente) em Neuromancer de 1984 e 1984 de 1949.

  • O Homem Bicentenário e Eu, Robô são livros do Asimov de respectivamente 1976 e 1950.


Claro que existem vários filmes futuristas originais, como a série "O Exterminador do Futuro", mas todos eles têm algo em comum, acabam por ser um futuro que não reflete o rumo que a tecnologia tomou desde então. Algumas excessões existem, por exemplo Filhos da Esperança, mas são poucas.

Só pensar um pouco para ver que esses filmes têm basicamente a mesma estrutura de futuro, uma forte inspiração em seres inteligentes, onde a inteligência artificial é algo tão perfeito que imita perfeitamente, ou quase, os seres humanos.

Já em Sleep Dealer é diferente, temos um filme baseado numa premissa de um mundo tecnológico, mas não como o futuro pensando antes da década de 90, vemos um futuro que pode estar até bem próximo, onde a água é um recurso extremamente precoiso, e por isso caro. A rede de informação (internet?) possibilita pessoas trabalharem longe de onde estão fisicamente (coisa que já acontece comigo), as pessoas vivem nessa rede (o que já acontece com alguns) de uma forma intensa.

Mas ainda vemos o mundo real, pessoas na pobreza, apesar da rede ser ilimitada (em todos os sentidos) ainda existem os limites geográficos, as fronteiras entre países, entre outras coisas que o futuro não vai conseguir mudar.

É baseado nesse ambiente que o filme mexicano se passa, e consegue discutir diversos aspectos culturais, sociais e até tecnologicos com metaforas interessantes do que o nosso presente pode ser tornar no futuro. Está tudo lá, as interações sociais virtuais, os blogs e os possíveis problemas de privacidade que eles podem causar, a falta de fronteiras no mundo virtual versus as fronteiras geográficas e culturais, entre outras coisas.

Não é a toa que este filme ganhou os dois prêmios de roteiro do festival de Sundance deste ano, o roteiro é excelente, pena que por ser um filme de baixo orçamento acabou pecando em diversos pontos. A restrição orçamentária fez muito bem ao roteiro, pois acabou por arranjar soluções inteligentes e baratas para vários pontos do filme, mas a direção acabou tomando outro rumo, acabou sendo traída pelo seu tema principal, pois o filme peca por usar demais tecnologia nos efeitos especiais, e principalmente por usar tecnologia barata demais pra isso e surpreendentemente esse é um dos temas chaves do filme.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Wall-E

Sabe quando você vai assistir um filme, com a espectativa de que vai ser um ótimo filme? Então, foi assim que eu fui ver Wall-e. E o filme, superou minhas espectativas, é genial, desde antes do começo, até depois do fim.

Antes do filme começar passa o trailer de Bolt, a próxima animação da Disney. Muito bom, tem um argumento inteligente, e dá pra se notar que os personagens também são muito interessantes, isso em menos de 2 minutos. Depois disso, como na maioria dos filmes da Pixar passa um curta. E o curta que passa em Wall-e está acima da média “Presto” é sobre um mágico e seu coelho da cartola. Muito engraçado faz você rir do começo ao fim. Ponto para a Pixar .

Depois disso, o filme. Conhecemos Wall-e e seu “bichinho de estimação”, uma barata, e os vemos num planeta terra completamente poluído e sujo, e vemos que a função de Wall-e é de limpar o planeta. E para ajudar no clima, logo no começo vemos vários “Wall-e”s desativados, ou seja, ele está sozinho no mundo.

Os filmes da Disney / Pixar são conhecido por humanizar brinquedos (Toy Story), insetos (Vida de Inseto) e outros seres. Mas ao entrar no mundo de Wall-e, vemos ele chegando em casa cansado, depois do trabalho. Nada mais humano. E após isso nos deparamos com seu hábito de colecionar “coisas”, as quais ele não faz nem idéia do que seja, mas de alguma forma tem um significado pra ele, e dentre elas vemos que ele guarda uma fita VHS de “Hello, Dolly” dentro de uma torradeira. E esse é o seu bem mais valioso, tanto que ele chega a imitar a coregrafia do filme (que é tocado num iPod, graças ao Steve Jobs, fundador tanto da Apple quanto da Pixar).

A vida dele começa mudar quando ele presencia a chegada de outro robô a Terra: “Eve”, e logo você começa a notar um Wall-e apaixonado. Se dizem que os olhos são a janela da alma, podemos ver claramente a alma deste robozinho através de seus olhos, todos os seus sentimentos, pensamentos e emoções são claros através de seus olhos e seus mínimos movimentos.

Outro ponto excepcional de Wall-e é a crítica ambiental que o filme faz, é sutil, mas eficiente, pois ao vermos a Terra com sua poluição espacial (um sem número de satélites) e os humanos todos obesos e sem locomoção própria, vemos que o alerta de Wall-e não se resume a mostrar a Terra inabitada, mas sim a despreocupação de todos quanto a isso.

Por essas e outras o filme é genial. Mas não acaba aí, os créditos também são um bônus para o filme, nele vemos o mundo pós-Wall-e mostrando sua evolução, de uma maneira artística, e nela temos referências ao trabalho de Monet, Van Gogh e muitos outros, finalizando a evolução com o início da arte digital com seus sprites mal feitos.

No fim minha conclusão de Wall-e é que apesar de ser um filme pra “crianças”, ele cativa qualquer pessoa que assistir, na sessão que eu fui tinha uma senhora de idade, se matando de dar risada das situações do filme. E além de tudo, mostra o que é o cinema, pois no filme quase não existe diálogo, são poucas frases ditas no filme, e a maior mensagem não são passadas por elas, e sim pelas imagens, pelo “interpretação” do pequeno Wall-e, dessa forma vemos que ainda hoje podemos ter ótimos filmes (quase) mudos, que ainda tem a essência do cinema.

Mas como nem tudo é perfeito, algumas críticas para a versão nacional do filme. Ao que parece, não existem cópias legendadas do filme no Brasil, e a versão dublada peca em alguns pontos. A primeira é que as músicas estão em inglês, o que eu achei estranhíssimo, pois sempre me lembro dos filmes da Disney com as canções em português, e elas são tão geniais quanto as versões originais, só pra lembrar duas “A Whole New World”/”Um Mundo Ideal” do filme Alladin é maravilhosa nas duas versões, e a música do Tarzan, que na versão americana é cantada por Phil Collins na versão em português tem também um cantor a altura, Ed Motta. E mesmo as músicas de Rei Leão, uma delas cantada por Elton John, na verão em português continuam com a mesma qualidade. E num filme onde a música em vários pontos dá uma emoção a mais, pelo fato do filme se quase mudo, muita gente perde por ter uma versão em inglês. Se a compreensão das músicas não fosse importante acho que “La vie en rose” não estaria em inglês no filme.

Outra pisada de bola é a tradução de apenas alguns elementos visuais, ou seja, a maioria das palavras que aparecem na tela estão em inglês, uma pena pois deixa o filme um pouco mais longe do espectador com essa mistura de línguas nas palavras, e deixa de fora algumas (poucas, é verdade) piadas por conta disso.

No fim assistir Wall-e é garantia de um bom filme e diversão.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Hulk Esmaga

Junto com Motoqueiro Fantasma e Justiceiro, Hulk é o personagem que mais me agrada na Marvel, e assim como os outros dois, Hulk teve seu filme, e a exemplo dos outros dois, todos acharam os filmes ruims (eu, é claro, gostei). Mas depois de assistir o novo Hulk, bom, acho que posso esquecer o último filme do Hulk (só a Jenifer Connely fazendo a Betty Ross que não vou esquecer).

Pois então, o novo Hulk é bom, não é um Homem de Ferro. Mas mostra que a Marvel Studios veio pra ficar. Edward Norton como Bruce Banner convence, mas acho que podia ser melhor, talvez o Robert Downey Jr como Tony Stark tenha elevado meu senso crítico pra adaptações de quadrinhos. O roteiro tem altos e baixos, o que é meu grande medo com a Marvel Studios, já que o roteirista oficial é Zak Penn (X-Men I, II, III, Além das Linhas Inimigas e o péssimo Elektra) mas dá pra notar que o Edward Norton mexeu bastante no roteiro, ou seja Homem de Ferro teve ótimos roteiristas, Hulk teve ajuda de um roteirista bom, mas os próximos da Marvel vão ter na sua maioria somente o Zak que é fraco. A direção é certeira, acho que Louis Leterrier é um dos pouquissimos diretores que acertam ao juntar drama com ação e lutas de tirar o fôlego, acertou em Cão de Briga, e agora acertou em Hulk também.

Numa coisa a Marvel acertou sem dúvidas, escolheu bem os atores até agora (apesar de que eu preferia a Jenifer Connely como Betty Ross, mas a Liv Tyler, ah a Liv Tyler ...), as próximas escolhas parecer ser Brad Pitt para Thor e Leonardo di Caprio para Capitão América. Se conseguirem quero ver o orçamento do filme dos Vingadores, já que vão ter que juntar essa turma toda, Capitão América (Leonardo di Caprio?), Thor (Brad Pitt?), Hulk (Edward Norton) e Homem de Ferro (Robert Downey Jr).

Agora é esperar pelos próximos filmes da Marvel, e torcer para que as especulações sobre o filme de "Runnaways" criado por Brian K. Vaughan (co-produtor e roteirista de Lost, e o MELHOR roteirista de quadrinhos atualmente), meu chute pra diretor é que seja Joss Whedon (Buffy, Angel e Firefly) que é atualmente o roteirista da série nos quadrinhos, como ele gosta de personagens femininos (e os personagens principais de Runnaways são femininos) aposto que se for escolhido vai ser demais. Outro boato que está rolando e esse se acontecer vai ser incrível, pois é outro personagem que eu acho demais Doutor Estranho, e o melhor o diretor seria Guilherme del Toro, que já mostrou que sabe filmar filmes repletos de mágica e seres sobrenaturais (Hellboy e O Labirinto do Fauno), e melhor ainda para roteirista o desejo do del Toro é nada menos que seu grande amigo Neil Gaiman, pra ser o filme perfeito só falta agora o Gaiman convidar seu amigo Dave McKean pra produção visual, eu rezo pra que isso aconteça.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Big Buck Bunny


Big Buck Bunny é mais um projeto licenciado em Creative Commons, ou seja livre.


O filme a estória de um coelho gigante, pra ser sincero o filme é bem tosquinho, o roteiro é chato, mas o que impressiona é a qualidade da computação gráfica. Coisas que ainda hoje são complicadas para serem feitas são feitas muito bem no filme (para uma produção de certo modo amadora), pode-se notar que a grama é bem feita, pêlos parecem reais (isso é complicado pra ca*), e tudo mais. Tudo isto projeto da fundação Blender que é responsável pelo programa de modelagem open-source mais completo que eu conheço, que deve pouco para os seus concorrentes pagos. O que dá pra notar, já que o filme foi feito todo usando o próprio programa, e outros aplicativos também livres.


Comparando com o primeiro projeto de filme da fundação Elephants Dream, este é significativamente pior na questão cinematográfica, mas mostra avanços computacionais. O que me anima é que o próximo projeto é não é um open-movie e sim um open-game, o projeto tem o nome Apricot, o jogo quando estiver pronto deverá ter outro nome, vide que “Elephants Dream” era o projeto Orange e “Big Buck Bunny” o projeto Peach. Mas o interessante é poder acompanhar a produção (acompanhei a dos dois filmes e estou acompanhando a do jogo), e poder ter acesso a (quase) todos os arquivos criados e utilizados. se quiser você até consegue renderizar o filme no seu próprio computador (o que eu já aviso, pode demorar alguns vários dias). Mas é uma ótima fonte de estudos de como se faz uma animação ou um jogo.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Desvendando os Quadrinhos (Scott McCloud)



Eu tropecei nesse livro quando minha orientadora do mestrado pediu que eu lesse para a discussão. Na primeira página já pensei: "Putz!Por que diabos não li isso antes?!". McCloud é um cara que fala de quadrinhos EM quadrinhos, o que, por si só, já merece meu respeito. Além de ter um traço super bacana, as páginas de "Desvendendo os Quadrinhos" são recheadas de personagens de HQs; dá até pra gente brincar de "Onde está Wally?", descobrindo quais são os personagens que estão "jogados" na página (como nas páginas 4; 30; 52 e 53).

O que eu achei mais bacana no livro é que o autor consegue falar de conceitos super difíceis de serem abordados (como Semiótica e Teoria da Arte) de uma forma bem compreensível e lúdica. Além do que, ele faz um apanhado geral, e ao mesmo tempo bem fácil de entender, de toda a "teoria" dos quadrinhos, desde sua conceituação (passando pelo mestre Eisner e sua "arte sequencial"), até as teorias de espaço, tempo e cores. E tudo isso sem ser chato ou aborrecidamente teórico!

Vale a pena ler da primeira à última página (ou, do primeiro ao último quadrinho). Mesmo sem pretensões acadêmicas. Apenas pra saciar o "nerd viciado em quadrinhos" que há dentro de cada um de nós.

Pra quem quiser dar (mais do que) uma olhada: http://www.livrariascuritiba.com.br/?system=livros&action=carrinho&id=9788589384636&eid=LVHQHQ

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Twilight/Crepúsculo (filme)

Num post anterior já falei rapidamente sobre o livro Crepúsculo, e sobre o lançamento do filme. Confesso que não queria falar sobre esse filme/livro, pois não li (na verdade li os dois primeiros capítulos, o primeiro em inglês a mais de um ano e o segundo em português alguns dias atras) e como o filme só estréia em dezembro nos estados unidos também não vi o filme, mas a quantidade de notícias e especulações sobre o filme é tão grande que não tem como eu não comentá-las.

O provável sucesso do filme se deve à grande venda dos livros da série. Os livros (são 3, mas eses ano sai mais um) são um sucesso editorial invejável, e merecidamente, pelo pouco que eu pude ler posso dizer isso. E tenho grandes espectativas para o filme, já que a diretora é a mesma de "Aos treze" e a roteirista é a mesma de "Step Up" (que no Brasil ficou com o pífio título de "Se ela dança eu danço"), com essa equipe, acho que teremos um bom roteiro, e o mais importante, que funciona bem para o público alvo (mesmo do filme anterior da roteirista). Para os fãs mais fanáticos, a presença da autora do livro na adaptação do roteiro garante que não irão desfigurar a história do livro. A diretora já mostrou que sabe filmar, tanto em "Aos treze" como em os "Reis de Dogtown", mais uma vez uma ótima escolha, pois ambos os filmes são para o público adolescente, mas que não fazem feio para os adultos que os assistem.

Apesar de ser baseado em um tema já largamente explorado em filmes (uma garota que se apaixona por um bad boy e que se transforma num mocinho, sonho de qualquer garota adolescente). O fato do bad boy ser um vampiro adiciona mais um elemento na trama, o romance dos dois acaba sendo explorado em vários sentidos através de uma metáfora, caça/caçador.

Mesmo sendo uma produção "pequena" para os padrões de Hollywood, o que chamou atenção lá fora foi que em apenas alguns dias o trailer divulgado no myspace já foi visto mais de 2 milhões de vezes, e provavelmente vai quebrar o recorde de exibições do trailer do novo filme do Indiana Jones que foi visto 4 milhões de vezes. E não para por aí, muito se especulou sobre a possibilidade de acontecer um fenômeno semelhante ao de Harry Potter que levou pessoas a pagar ingresso apenas para ver o trailer do filme, e o filme que eles achavam que ia ter sua platéia aumentada pelos fãs de Twilight não é nada menos que Speed Racer. Eu mesmo aposto no sucesso do filme, pois o livros tem diálogos extremamente interessantes, algo essencial para um filme, é esperar para ver.

E para quem entende inglês:


segunda-feira, 5 de maio de 2008

Nine Inch Nails - The Slip


Foi lançado hoje The Slip,o novo álbum do Nine Inch Nails, assim como o anterior Ghost I-IV, esse também foi lançado com a licença Creative Commons, ou seja é gratuito, você pode legalmente distribuir, remixar, usar a música em vídeos, blogs, podcasts e outros (desde que não seja comercialmente).

Acabei de ouvir, e gostei muito, destaque pra 1,000,000 e Lights in the Sky. Pra quem gosta é uma boa pedida.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Filmes de gente fazendo ... filmes

Dois filmes que eu quero ver em breve nos cinemas brasileiros tem algumas coisas em comum. A primeira delas é que são filmes de gente fazendo filmes. A segunda é que os diretores de ambo são conhecidos por terem feitos clipes musicais.

O primeiro é Son of Rambow e conta a história de 2 amigos, um religioso e outro brigão, que depois de assistirem uma cópia do filme Rambo decidem fazer o seu próprio filme, "O filho do Rambow", onde vão resgatar Rambo. O diretor é Garth Jennings, que já dirigiu no cinema "O guia do mochileiro das galáxias", mas é mais conhecidos pelos seus clipes. É dele a caixinha de leite de Coffee & TV do Blur, e a criatividade de com 30 segundos de cena fazer o clipe de Imitation of Life do R.E.M..

Não sei se chega ao Brasil tão cedo, já que o filme estréia hoje nos Estados Unidos e é uma produção inglesa.

O segundo é Be Kind Rewind, onde numa locadora todos os filmes são apagados por um funcionário (Jack Black) imantado. Para fugir da falência e da reclamação dos clientes, eles decidem, refilmar todos os filmes. O filme é de Michel Gondry, que já dirigiu Natureza Quase Humana e Brilho Eterno de uma Mente sem Lembraças (dois ótimos filmes com o roteiro do excelente Charlie Kaufman). Gondry também é conhecido pelos clipes que dirigiu, entre eles Everlong do Foo Fighters e Like a Rolling Stone dos Rolling Stones. Também é de Gondry a genial propaganda da Levi's do "watch pocket".

Trailer de Son of Rambow
Trailer de Be Kind Rewind

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Homem de Ferro

Depois de alguns livros e filmes antigos, vamos para algo novo. O primeiro filme de super-herói do ano. O Homem de Ferro.

Tenho que admitir que sou um viciado em quadrinhos, e isso afeta meu julgamento, já que achei Motoqueiro Fantasma um ótimo filme, contrariando todo mundo. Mas, fazer o que? É meu personagem favorito. O que não acontece com o Homem de Ferro

Pra ser bem sincero nem gosto muito do homem de ferro. Mas o filme ... não tem como não gostar, pra mim é o melhor filme de herói da Marvel, melhor que X-men (que eu sou fã), melhor que Blade (que é ruim), melhor que Quarteto Fantástico (que é pior) e melhor até que Motoqueiro Fantasma (ok, ok, eu sou fã e adorei, mas todo mundo achou ruim, fazer o que?).

Mas, o filme é bom por mérito da equipe, o elenco foi escolhido perfeitamente, o Robert Downey Jr. não interpreta Anthony Starks, ele É Anthony Starks, todas as características do quadrinho estão lá, a inteligencia estratégica, o jeito playboy, a arrogancia, a solidão, o senso de humor e tudo mais. Além dele, os desconhecidos personagens do mundo do homem de ferro estão bem caracterizados, Pepper Potts é a secretária atenciosa, Jim Rhodes, o amigo militar, Stane, empresário da empresa de Stark e inimigo. Até o segurança Happy Hogan que tem duas cenas discretíssimas está lá.

Além de tudo isso, o roteiro é perfeito, cada cena tem a sua razão de estar lá, as piadas são engraçadas, mérito da mesma equipe de roteiristas de Filhos da Esperança (Children of Men). Assim, o filme é bom tanto para quem quer ver o "latinha" (que é como o homem aranha o chama nos quadrinhos) voar, dar porrada e tudo mais, quanto para os fãs de quadrinhos, pois (assim como nos quadrinhos), o alter ego Tony Starks é o personagem principal. Um empresário bem sucedido, mas solitário, com escolhas difícies a serem feitas, longe de ser um bondoso herói, ele é um arquiteto que planeja todos os detalhes, com uma motivação, na maioria das vezes egoísta.

Aposto minhas fichas que o sucesso vai permitir que as continuações aconteçam, pois várias boas deixas estão no filme, desde a S.H.I.E.L.D., até a deixa de Jim Rhodes.

E se todas as indicações estiverem corretas, o segundo filme trará a melhor estória do personagem: "O demônio da garrafa", é esperar para ver.

domingo, 27 de abril de 2008

Fahrenheit 451 (filme)

Depois de ler, não teve como não reassistir o filme. Pois foi através dele que eu conheci o livro, e por falar em livros. A primeira cena mostra de forma bem interessante a queima deles. Apesar de ser diferente do original, a cena funciona muito bem para o cinema.

Apesar de não ser 100% fiel (e nenhuma adaptação vai ser) o filme transmite a idéia passada exatamente da mesma forma. Tudo bem que o filme foi lançado em 1966 e assistindo agora temos alguns constrastes interessantes. Por exemplo, na primeira cena, aparece um telefone, desses (que hoje são) bem antigos, e mais a frente no filme temos telefones mais sofisticados (cena onde Clarisse liga para os bombeiros). Mas nada disso muda o fato do filme mostrar visualmente aquilo que o livro nos faz imaginar.

É notável a falta de alguns personagens, a confrontação Beatty/Montag é diferente, mas algumas coisas compensam, a atriz que faz Clarisse e Linda (a esposa, que no livro se chama Mildred) é excelente, e a escolha dela interpretar as duas é fantástica. Os livros mostrados e citados no filme também foram escolhidos muito bem.

O filme e o livro são quase complementares, pois onde as vezes falta em um, o outro acaba compensando. Mas tenho que admitir, no final um livro acaba sendo importante para Montag, apesar de no filme ser um dos meus livros favoritos, o do livro é uma escolha genial e por isso tras um final notável (apesar de um pouco batido atualmente). Mas, é claro, não vou explicar, pois não quero estragar o final.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Fahrenheit 451 (Ray Bradbury)

No mesmo espírito de livro antigo com tema futurista (Admirável Mundo Novo é de 1932 e Fahrenheit 451 de 1953), em Fahrenheit 451 temos um futuro onde a "felicidade" reina, mas é claro, tudo tem seu preço.

Fahrenheit 451 é a temperatura em que o papel pega fogo, o que nos leva ao ponto principal do livro, os bombeiros. Mas eles tem uma função diferente neste mundo futurista, eles não mais apagam o fogo, e sim, ateam fogo, queimando os livros. Livros que são uma ameaça a "felicidade", e dessa maneira qualquer um em posse de livros é criminoso. É nesse cenário que encontramos Guy Montag, um bombeiro que tem sua vida mudada após encontrar uma moça, Clarisse, esquisita para os padrões, mas feliz, de uma maneira diferente. Ela faz a pergunta que muda a vida dele:

- "Você é feliz?"

Além de Montag e Clarisse, o livro é repleto de personagens interessantes, Mildred, esposa de Montag, é praticamente o oposto de Clarisse (uma idéia ótima foi usarem a mesma atriz para as duas personagens na versão cinematográfica). E o interessante capitão Beatty, personagem que tem uma semelhança com o Administrador de Admirável Mundo Novo. Além deles temos outros tantos, como Faber e o sabujo.

Como é de se esperar o livro mostra a real importância do livro, mesmo num futuro com a "família", uma mídia interativa (o provável futuro da televisão) tendo controle sobre as informações que chegam aos espectadores. Fato muito bem explicado nas frases do capitão Beatty:
"Se você não quiser que se construa uma casa, esconda os pregos e a madeira. Se não quiser um homem politicamente infeliz, não lhe dê os dois lados de uma questão para resolver; dê-lhe apenas um. Melhor ainda, não lhe dê nenhum."

domingo, 20 de abril de 2008

Admirável Mundo Novo (Aldous Huxley)


Depois de quase 10 anos ...

Lembro de ter lido este livro a muito tempo, e também lembrava da caracterização do futuro, onde haviam as várias castas, onde a moral e a ética eram totalmente diferentes, a clonagem era feita em escala industrial eentre outras coisas. E a lembrança que mais me espantava era a de que o livro tinha sido escrito em 1932, e contava de um futuro utópico, que hoje não parece ser tão utópico assim.

Relendo agora, o que me fascinou foram as inúmeras referências a Shakespeare, e talvez por eu ter lido vários dos livros citados. Mas o que me chamou atenção, foi o fato de num mundo perfeito, a arte tenha de ser abolida. Isso é interessante no livro, olhar para um mundo "avançado", aonde um selvagem é um dos poucos que realmente leu alguma coisa. E olhar como a falta de arte nos leva uma visão "civilizada", aonde as verdadeiras emoções são perigosas.

Foi bom eu reler o livro agora, pois várias referência fizeram muito mais sentido, como Ford, Pavlov e a vários personagens de Shakespeare. Mas me pergunto, se o livro fosse escrito hoje, quem seriam os referências deste mundo novo?

Se formos ver, talvez não estejamos tão longe de um "Admirável Mundo Novo", quanto tempo será que demora para termos uma droga perfeita, o tão necessário "soma"? Ou para que humanos sejam clonados? Ou sejamos todos condicionados? Ou será que já somos condicionados? A verdade é que estas perguntas não tem respostas e este é um livro que além de clássico, ainda hoje é moderno e levanta várias questões que ainda nos assombra. Mas a verdade, bem ..., a verdade são 64000 repetições.

domingo, 13 de abril de 2008

Internet, a nova vitrine

Música

Ao ver na MTV a propaganda do myspace da Mallu Magalhães eu não botei muita fé. Só que a menina me surpreendeu ao vê-la cantando num show. Mas a internet tem um papel fundamental nesta história, independemente do talento dela, NUNCA uma menina de 15 anos, cantando em inglês e fazendo covers de Johnny Cash chegaria a ser considerada.

Mas aconteceu, com entrevistas na Rolling Stones, aparições nos programas da globo, matéria em jornais ela já consegui algum espaço. E o que me deixa mais contente é que além do talento inegável, as escolhas das covers coincidentemente (ou não) estão em filme recentes. São elas:

Folsom Prison Blues – Johnny Cash – melhor música “Johnny & June” (Walk the Line).
I've Just Seen a Face – The Beatles – uma das melhores músicas de “Across the Universe”.
Anyone Else But You – The Moldy Peaches – melhor música de “Juno”.

Escrevi um review no last.fm desse show.

Livro


Ontem vi a propaganda do livro “Crepúsculo” de “Stephanie Meyer”, é um romance adolescente, sendo que o personagem principal é um vampiro. Este é o primeiro livro de uma trilogia, que considerei começar a ler em inglês, antes mesmo do lançamento em português. Me surpreendeu lancerem este livro em português (nem tanto, pois estão filmando o filme baseado no livro).

Uma das razões de eu querer ler o livro é um tanto inusitada, pois a escritora colocou no seu site uma “playlist” para o livro, o que é bem interessante, e me deixou curioso a ler o livro.

Além da “playlist”, outra coisa interessante sobre o livro, mesmo antes de ser lançado em português tem na internet uma comunidade de fãs bem grande no Brasil. Veremos como vai ficar depois do lançamento em português, e depois do lançamento do filme.

Trilha sonora do livro: playlist

Filme

Aqui é onde a internet tem um papel fundamental, pois foi através dela que a ex-stripper Diablo Cody foi descoberta. A (na época) autora do blog “The Pussy Ranch”, escreveu seu primeiro roteiro e ganhou o Oscar de roteiro original pelo filme Juno. Méritos para ela, pois o roteiro realmente é muito bom.

Além de tudo ela teve muita sorte, pois os grandes nomes concorreram no roteiro adaptado, os irmãos Coen (que já haviam ganho com Fargo, ganharam novamente), Paul Thomas Anderson (que concorreu pela terceira vez ao melhor roteiro), Christopher Hampton (que já ganhou por Ligações Perigosas, que é um ótimo filme), Ronald Harwood (que ganhou por O Pianista, e esse ano achei que ganharia com o Escafandro e a Borboleta) e só pra não ser injusto, a última concorrente foi a excelente atriz Sarah Polley que concorreu pelo roteiro de Longe Dela (um bom roteiro também).

E eu ainda acho que “Senhores do Crime” (Eastern Promises), tinha um roteiro melhor que Juno, pois vários personagens tinham ótimas características que não foram exploradas. E se Steven Knight (que já concorreu ao Oscar pelo ótimo “Coisas Belas e Sujas”) concorresse, ele seria o vencedor.

O premio também deve-se em parte ao diretor Jason Reitman (que já mostrou que entende da coisa pelo “Obrigado por Fumar”), que pegou um bom roteiro e fez um ótimo filme, ao contrário do diretor de Senhores do Crime, que (acho eu) pegou um ótimo roteiro e só fez um bom filme.

E pra finalizar fique com as dicas para escrever bem da ex-stripper ganhadora do Oscar.

sábado, 12 de abril de 2008

Maré - Nossa História de Amor

Bom, pra quem não sabe, sou fã de musicais, e esse foi o principal motivo para eu assistir "Maré - Nossa História de Amor", que, até onde eu me lembre é o primeiro musical brasileiro. E música não falta no filme, toca samba, hip hop, rap, funk e até música clássica, porém essa mistura acaba atrapalhando o filme, principalmente os raps que não têm a mesma qualidade que as outras músicas, e são utilizados apenas como narrativa, quebrando totalmente algo que é essencial a um musical, o ritmo.

Além da quebra de ritmo, a inspiração do roteiro em Romeo & Julieta, acaba deixando o filme a sombra de outro musical baseado no livro de Shakespeare, "Amor, sublime amor" (West Side Story), o que resulta é claro em comparações. Comparações essas que se tornam óbvias pois a cena do primeiro baile funk é fortemente inspirada no baile de mambo de "Amor, sublime amor", a cena que antecede a tragédia (sim, tragédia, como não haveria de ser num filme baseado em Shakespeare) também lembra muito a dança/luta de "Amor, sublime amor" (não sei, talvez esteja errado, mas algo no cenário me fez pensar assim).

Esquecendo "Amor, Sublime amor" acabamos vendo outras influências, desta vez do cinema nacional, quando colocam no filme um quê de "Cidade de Deus", nas cenas que mostram a favela (tem até a galinha), e uma ponta de Tropa de Elite com policiais corruptos. Acho que a favela é um bom cenário para um musical, mas essa insistência de colocar os problemas sociais explicitamente acaba destoando do resto do filme.

Mas o maior problema ao meu ver é o roteiro, os personagens não são nada mais do que seus "equivalentes" de Romeo & Julieta, o trailer dava a entender que a construção deles seria mais interessante. Só que de diferente mesmo, só as cenas que já estão no traile, de resto são Cappuletos e Montequios. Pra ser justo existe um personagem (quase) bem construído, a professora de dança interpretada pela Marisa Orth. Além disso, o roteiro deixa a mesmo a desejar no final, ao tentar reconstruir a tragédia Shakesperiana.

E pra não dizer que eu só falei mal, algumas cenas merecem destaques, que mostra o caminho para a praia é ótima, principalmente pra quem conhece o Rio, mas a cena da praia é um desastre. Porém é logo compensado pela melhor cena do filme, a dança na linha vermelha, essa sim é impecável, faz tudo que o filme se propõe a fazer, e da maneira correta, mostra o contraste favela/asfalto, retrata problemas sociais, é musicalmente interessante e a dança encaixa-se perfeitamente.

Apesar de todos os problemas o filme tem ótimas músicas (se tirarem os raps e considerarmos só as músicas) e ótima dança. Não é nada a mal para o que talvez seja o primeiro musical feito no Brasil.

Trailer

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Ensaio sobre a Cegueira (José Saramago)


Quando fizemos o blog ficou combinado que sempre que lêssemos um livro escreveríamos a respeito. Bom estou tirando o atraso agora...

Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.


Com essa frase começa Ensaio sobre a Cegueira, de José Saramago, ganhador no prêmio Nobel de literatura de 1998. O livro retrata um epidemia de cegueira, mas como o título mesmo diz é um ensaio de como viveríamos num mundo de cegos.

No livro não temos nomes, temos o médico, a mulher do médico, a rapariga dos óculos escuros, o velho da venda preta, o primeiro cego, e mais tantos anônimos descritos por essas "características", muitas delas nos fazem refletir sobre a cegueira, pois de que importam os óculos escuros, as vendas pretas e o estrabismo se todos (antes que me corrijam, nem todos) são cegos?

Mas não é a cegueira o foco do livro, e sim a natureza humana, e o que realmente somos, sobre o que acreditamos. E mesmo os velhos ditados "O pior cego é aquele que não quer ver" e "Na terra de cegos quem tem um olho é rei" são revisitadas e "ensaiados" sobre essa ótica da cegueira branca e reveladora da natureza humana.

O livro é uma boa oportunidade de conhecer o estilo do único ganhador do Nobel de língua portuguesa. No começo pode ser estranho ler os termos em português de Portugal não comuns no Brasil e a maneira que Saramago escreve, com pontuações mínimas e diálogos corridos. Mas é com certeza uma leitura prazerosa, acabei lendo o livro em um final de semana.

Uma das razões do post ser hoje é que o o filme baseado no livro lançou seu site oficial e seu primeiro trailer (que não mostra muita coisa). Tenho esperança de que este seja um ótimo filme, pois se baseia num ótimo livro e tem a direção do nomeado ao Oscar, Fernado Meirelles. Que disponibilizou um blog onde durante a produção do filme foi contando alguns detalhes, vale a pena dar uma conferida.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Neuromancer (William Gibson)


O filme Matrix foi considerado revolucionário, e até hoje é bastante discutido. Em 2014, ao completar 15 anos do seu lançamento (1999), o que podemos esperar do seu legado?

Essa pergunta, se feita referindo-se ao livro Neuromancer, ficaria assim: "Em 1999, ao completar 15 anos de seu lançamento (1984), o que podemos esperar do seu legado?". A resposta é clara, o filme Matrix. E não apenas isso, cito Matrix pois nos filmes têm referências (e não são poucas) ao universo criado no livro. Mas com certeza o maior legado de Neuromancer é a cultura Cyberpunk.

Neuromancer foi o primeiro romance a fazer sucesso utilizando a fórmula tão cultuada em Matrix, trazendo hackers, corporações mundiais, policiais monitorando IAs, e toda atmosfera distópica. Um mundo onde o orgânico e o tecnológico se misturam, o real e virtual são vizinhos, e todo o futurismo que conhecemos tão bem hoje, mais de 20 anos depois da descrição criada por Gibson.

O livro é uma leitura obrigatória para os fãs dessa cultura Cyberpunk, e para todos que apreciam um bom livro, já que Gibson usa elementos diversos para montar um universo único, como por exemplo adoradores de Jah rastafaris, IAs com um traço de humanidade (uma até decora uma sala com uma obra de Marcel Duchamp) e humanos com implantes cibernéticos.

O mais interessante é que, um livro que retrata uma cultura futurista com computadores exercendo papéis fundamentais foi escrito na máquina de escrever. Como descreve o próprio William Gibson em seu blog.

PS: Existe o rumor de que o filme sobre o livro vai ser feito, espero que façam direito, pois vai ser uma pena o livro ficar marcado por comparações do filme com The Matrix, coisa que certamente vai acontecer.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Ovelhas Negras (Caio Fernando Abreu)


"Remexendo, e com alergia ao pó, de dezenas em pastas em frangalhos, nunca tive tão clara certeza de que criar é literalmente arrancar com esforço bruto algo informe do Kaos. Confesso que ambos me seduzem, o Kaos e o in ou disforme. Afinal, como Rita Lee, sempre dediquei um carinho todo especial pelas mais negras das ovelhas".
Assim Caio termina a introdução de seu livro "Ovelhas Negras", compilado em 1995, com contos que vão desde 1962 até 1995, um ano antes da morte do escritor.Segundo Caio, o livro é uma espécie de "(...) autobiografia ficcional, uma seleta de textos que acabaram ficando de fora de livros individuais. Alguns, proibidos pela censura militarista; outros, por mim mesmo, que os condenei por obscenos, cruéis, jovens, herméticos, etc. Eram e são textos marginais, bastardos, deserdados. Ervas daninhas, talvez(...)".
Caio Fernando Abreu é, sem dúvida, um dos escritores mais contundentes e apaixonantes da sua geração.Seus contos são poesia cotidiana, recheada do fel que é sorvido pela ironia humana.
Os contos de Caio são pequenos pedaços de uma colcha de retalhos. Juntos têm uma força inimaginável.Os deste livro em especial são viscerais. Um verdadeiro tiro no peito. Daqueles que te fazem morrer bem devagarinho, lembrando de todos os momentos em que você queria ter vivido, mas se escondeu em sua máscara de cordeirinho.
"Parece incrível se estar vivo quando não se acredita em mais nada".O sentimento de perda nos livros desse autor sempre são profundos e doidamente presentes, e em "Ovelhas Negras" eles ganham um reforço especial. São esboços, de pensamentos talvez vãos, sujos pelas impurezas do não-branco das cidades.
Esses textos tiveram que ser deixados na gaveta de Caio por alguns bons anos, para que ficassem protegidos do lobo mau da crítica e incompreensão daqueles que não se bastam com um sorriso ao pôr-do-sol.
Embora seja deveras significativo, Caio ainda é desconhecido pela maioria. Apenas alguns relegados estão acostumados com suas palavras de aço e pluma.Os textos de "Ovelhas Negras" são o contrasenso, o marginalismo, o nonsense da literatura de Caio.
Esses dias em uma conversa sobre literatura, uma amiga disse que os escritores de que mais gostava eram aqueles que escreveram o que ela desejaria, com suas mais intrínsecas forças, ter escrito. E ambas concordamos que Caio é assim.
Todas as suas palavras ferem nossa alma, lembrando-nos que todos os dias são cinzentos se não olharmos pelo caleidoscópio da ilusão de ser.Vivo, lúcido, inconseqüente, imoral...humano.
Leia, e depois prepare-se para nunca mais deixar de lembrar dele em seus grandes e pequenos momentos.Onde as negras ovelhas não são as renegadas, mas as bem-vindas.