quarta-feira, 30 de abril de 2008

Homem de Ferro

Depois de alguns livros e filmes antigos, vamos para algo novo. O primeiro filme de super-herói do ano. O Homem de Ferro.

Tenho que admitir que sou um viciado em quadrinhos, e isso afeta meu julgamento, já que achei Motoqueiro Fantasma um ótimo filme, contrariando todo mundo. Mas, fazer o que? É meu personagem favorito. O que não acontece com o Homem de Ferro

Pra ser bem sincero nem gosto muito do homem de ferro. Mas o filme ... não tem como não gostar, pra mim é o melhor filme de herói da Marvel, melhor que X-men (que eu sou fã), melhor que Blade (que é ruim), melhor que Quarteto Fantástico (que é pior) e melhor até que Motoqueiro Fantasma (ok, ok, eu sou fã e adorei, mas todo mundo achou ruim, fazer o que?).

Mas, o filme é bom por mérito da equipe, o elenco foi escolhido perfeitamente, o Robert Downey Jr. não interpreta Anthony Starks, ele É Anthony Starks, todas as características do quadrinho estão lá, a inteligencia estratégica, o jeito playboy, a arrogancia, a solidão, o senso de humor e tudo mais. Além dele, os desconhecidos personagens do mundo do homem de ferro estão bem caracterizados, Pepper Potts é a secretária atenciosa, Jim Rhodes, o amigo militar, Stane, empresário da empresa de Stark e inimigo. Até o segurança Happy Hogan que tem duas cenas discretíssimas está lá.

Além de tudo isso, o roteiro é perfeito, cada cena tem a sua razão de estar lá, as piadas são engraçadas, mérito da mesma equipe de roteiristas de Filhos da Esperança (Children of Men). Assim, o filme é bom tanto para quem quer ver o "latinha" (que é como o homem aranha o chama nos quadrinhos) voar, dar porrada e tudo mais, quanto para os fãs de quadrinhos, pois (assim como nos quadrinhos), o alter ego Tony Starks é o personagem principal. Um empresário bem sucedido, mas solitário, com escolhas difícies a serem feitas, longe de ser um bondoso herói, ele é um arquiteto que planeja todos os detalhes, com uma motivação, na maioria das vezes egoísta.

Aposto minhas fichas que o sucesso vai permitir que as continuações aconteçam, pois várias boas deixas estão no filme, desde a S.H.I.E.L.D., até a deixa de Jim Rhodes.

E se todas as indicações estiverem corretas, o segundo filme trará a melhor estória do personagem: "O demônio da garrafa", é esperar para ver.

domingo, 27 de abril de 2008

Fahrenheit 451 (filme)

Depois de ler, não teve como não reassistir o filme. Pois foi através dele que eu conheci o livro, e por falar em livros. A primeira cena mostra de forma bem interessante a queima deles. Apesar de ser diferente do original, a cena funciona muito bem para o cinema.

Apesar de não ser 100% fiel (e nenhuma adaptação vai ser) o filme transmite a idéia passada exatamente da mesma forma. Tudo bem que o filme foi lançado em 1966 e assistindo agora temos alguns constrastes interessantes. Por exemplo, na primeira cena, aparece um telefone, desses (que hoje são) bem antigos, e mais a frente no filme temos telefones mais sofisticados (cena onde Clarisse liga para os bombeiros). Mas nada disso muda o fato do filme mostrar visualmente aquilo que o livro nos faz imaginar.

É notável a falta de alguns personagens, a confrontação Beatty/Montag é diferente, mas algumas coisas compensam, a atriz que faz Clarisse e Linda (a esposa, que no livro se chama Mildred) é excelente, e a escolha dela interpretar as duas é fantástica. Os livros mostrados e citados no filme também foram escolhidos muito bem.

O filme e o livro são quase complementares, pois onde as vezes falta em um, o outro acaba compensando. Mas tenho que admitir, no final um livro acaba sendo importante para Montag, apesar de no filme ser um dos meus livros favoritos, o do livro é uma escolha genial e por isso tras um final notável (apesar de um pouco batido atualmente). Mas, é claro, não vou explicar, pois não quero estragar o final.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Fahrenheit 451 (Ray Bradbury)

No mesmo espírito de livro antigo com tema futurista (Admirável Mundo Novo é de 1932 e Fahrenheit 451 de 1953), em Fahrenheit 451 temos um futuro onde a "felicidade" reina, mas é claro, tudo tem seu preço.

Fahrenheit 451 é a temperatura em que o papel pega fogo, o que nos leva ao ponto principal do livro, os bombeiros. Mas eles tem uma função diferente neste mundo futurista, eles não mais apagam o fogo, e sim, ateam fogo, queimando os livros. Livros que são uma ameaça a "felicidade", e dessa maneira qualquer um em posse de livros é criminoso. É nesse cenário que encontramos Guy Montag, um bombeiro que tem sua vida mudada após encontrar uma moça, Clarisse, esquisita para os padrões, mas feliz, de uma maneira diferente. Ela faz a pergunta que muda a vida dele:

- "Você é feliz?"

Além de Montag e Clarisse, o livro é repleto de personagens interessantes, Mildred, esposa de Montag, é praticamente o oposto de Clarisse (uma idéia ótima foi usarem a mesma atriz para as duas personagens na versão cinematográfica). E o interessante capitão Beatty, personagem que tem uma semelhança com o Administrador de Admirável Mundo Novo. Além deles temos outros tantos, como Faber e o sabujo.

Como é de se esperar o livro mostra a real importância do livro, mesmo num futuro com a "família", uma mídia interativa (o provável futuro da televisão) tendo controle sobre as informações que chegam aos espectadores. Fato muito bem explicado nas frases do capitão Beatty:
"Se você não quiser que se construa uma casa, esconda os pregos e a madeira. Se não quiser um homem politicamente infeliz, não lhe dê os dois lados de uma questão para resolver; dê-lhe apenas um. Melhor ainda, não lhe dê nenhum."

domingo, 20 de abril de 2008

Admirável Mundo Novo (Aldous Huxley)


Depois de quase 10 anos ...

Lembro de ter lido este livro a muito tempo, e também lembrava da caracterização do futuro, onde haviam as várias castas, onde a moral e a ética eram totalmente diferentes, a clonagem era feita em escala industrial eentre outras coisas. E a lembrança que mais me espantava era a de que o livro tinha sido escrito em 1932, e contava de um futuro utópico, que hoje não parece ser tão utópico assim.

Relendo agora, o que me fascinou foram as inúmeras referências a Shakespeare, e talvez por eu ter lido vários dos livros citados. Mas o que me chamou atenção, foi o fato de num mundo perfeito, a arte tenha de ser abolida. Isso é interessante no livro, olhar para um mundo "avançado", aonde um selvagem é um dos poucos que realmente leu alguma coisa. E olhar como a falta de arte nos leva uma visão "civilizada", aonde as verdadeiras emoções são perigosas.

Foi bom eu reler o livro agora, pois várias referência fizeram muito mais sentido, como Ford, Pavlov e a vários personagens de Shakespeare. Mas me pergunto, se o livro fosse escrito hoje, quem seriam os referências deste mundo novo?

Se formos ver, talvez não estejamos tão longe de um "Admirável Mundo Novo", quanto tempo será que demora para termos uma droga perfeita, o tão necessário "soma"? Ou para que humanos sejam clonados? Ou sejamos todos condicionados? Ou será que já somos condicionados? A verdade é que estas perguntas não tem respostas e este é um livro que além de clássico, ainda hoje é moderno e levanta várias questões que ainda nos assombra. Mas a verdade, bem ..., a verdade são 64000 repetições.

domingo, 13 de abril de 2008

Internet, a nova vitrine

Música

Ao ver na MTV a propaganda do myspace da Mallu Magalhães eu não botei muita fé. Só que a menina me surpreendeu ao vê-la cantando num show. Mas a internet tem um papel fundamental nesta história, independemente do talento dela, NUNCA uma menina de 15 anos, cantando em inglês e fazendo covers de Johnny Cash chegaria a ser considerada.

Mas aconteceu, com entrevistas na Rolling Stones, aparições nos programas da globo, matéria em jornais ela já consegui algum espaço. E o que me deixa mais contente é que além do talento inegável, as escolhas das covers coincidentemente (ou não) estão em filme recentes. São elas:

Folsom Prison Blues – Johnny Cash – melhor música “Johnny & June” (Walk the Line).
I've Just Seen a Face – The Beatles – uma das melhores músicas de “Across the Universe”.
Anyone Else But You – The Moldy Peaches – melhor música de “Juno”.

Escrevi um review no last.fm desse show.

Livro


Ontem vi a propaganda do livro “Crepúsculo” de “Stephanie Meyer”, é um romance adolescente, sendo que o personagem principal é um vampiro. Este é o primeiro livro de uma trilogia, que considerei começar a ler em inglês, antes mesmo do lançamento em português. Me surpreendeu lancerem este livro em português (nem tanto, pois estão filmando o filme baseado no livro).

Uma das razões de eu querer ler o livro é um tanto inusitada, pois a escritora colocou no seu site uma “playlist” para o livro, o que é bem interessante, e me deixou curioso a ler o livro.

Além da “playlist”, outra coisa interessante sobre o livro, mesmo antes de ser lançado em português tem na internet uma comunidade de fãs bem grande no Brasil. Veremos como vai ficar depois do lançamento em português, e depois do lançamento do filme.

Trilha sonora do livro: playlist

Filme

Aqui é onde a internet tem um papel fundamental, pois foi através dela que a ex-stripper Diablo Cody foi descoberta. A (na época) autora do blog “The Pussy Ranch”, escreveu seu primeiro roteiro e ganhou o Oscar de roteiro original pelo filme Juno. Méritos para ela, pois o roteiro realmente é muito bom.

Além de tudo ela teve muita sorte, pois os grandes nomes concorreram no roteiro adaptado, os irmãos Coen (que já haviam ganho com Fargo, ganharam novamente), Paul Thomas Anderson (que concorreu pela terceira vez ao melhor roteiro), Christopher Hampton (que já ganhou por Ligações Perigosas, que é um ótimo filme), Ronald Harwood (que ganhou por O Pianista, e esse ano achei que ganharia com o Escafandro e a Borboleta) e só pra não ser injusto, a última concorrente foi a excelente atriz Sarah Polley que concorreu pelo roteiro de Longe Dela (um bom roteiro também).

E eu ainda acho que “Senhores do Crime” (Eastern Promises), tinha um roteiro melhor que Juno, pois vários personagens tinham ótimas características que não foram exploradas. E se Steven Knight (que já concorreu ao Oscar pelo ótimo “Coisas Belas e Sujas”) concorresse, ele seria o vencedor.

O premio também deve-se em parte ao diretor Jason Reitman (que já mostrou que entende da coisa pelo “Obrigado por Fumar”), que pegou um bom roteiro e fez um ótimo filme, ao contrário do diretor de Senhores do Crime, que (acho eu) pegou um ótimo roteiro e só fez um bom filme.

E pra finalizar fique com as dicas para escrever bem da ex-stripper ganhadora do Oscar.

sábado, 12 de abril de 2008

Maré - Nossa História de Amor

Bom, pra quem não sabe, sou fã de musicais, e esse foi o principal motivo para eu assistir "Maré - Nossa História de Amor", que, até onde eu me lembre é o primeiro musical brasileiro. E música não falta no filme, toca samba, hip hop, rap, funk e até música clássica, porém essa mistura acaba atrapalhando o filme, principalmente os raps que não têm a mesma qualidade que as outras músicas, e são utilizados apenas como narrativa, quebrando totalmente algo que é essencial a um musical, o ritmo.

Além da quebra de ritmo, a inspiração do roteiro em Romeo & Julieta, acaba deixando o filme a sombra de outro musical baseado no livro de Shakespeare, "Amor, sublime amor" (West Side Story), o que resulta é claro em comparações. Comparações essas que se tornam óbvias pois a cena do primeiro baile funk é fortemente inspirada no baile de mambo de "Amor, sublime amor", a cena que antecede a tragédia (sim, tragédia, como não haveria de ser num filme baseado em Shakespeare) também lembra muito a dança/luta de "Amor, sublime amor" (não sei, talvez esteja errado, mas algo no cenário me fez pensar assim).

Esquecendo "Amor, Sublime amor" acabamos vendo outras influências, desta vez do cinema nacional, quando colocam no filme um quê de "Cidade de Deus", nas cenas que mostram a favela (tem até a galinha), e uma ponta de Tropa de Elite com policiais corruptos. Acho que a favela é um bom cenário para um musical, mas essa insistência de colocar os problemas sociais explicitamente acaba destoando do resto do filme.

Mas o maior problema ao meu ver é o roteiro, os personagens não são nada mais do que seus "equivalentes" de Romeo & Julieta, o trailer dava a entender que a construção deles seria mais interessante. Só que de diferente mesmo, só as cenas que já estão no traile, de resto são Cappuletos e Montequios. Pra ser justo existe um personagem (quase) bem construído, a professora de dança interpretada pela Marisa Orth. Além disso, o roteiro deixa a mesmo a desejar no final, ao tentar reconstruir a tragédia Shakesperiana.

E pra não dizer que eu só falei mal, algumas cenas merecem destaques, que mostra o caminho para a praia é ótima, principalmente pra quem conhece o Rio, mas a cena da praia é um desastre. Porém é logo compensado pela melhor cena do filme, a dança na linha vermelha, essa sim é impecável, faz tudo que o filme se propõe a fazer, e da maneira correta, mostra o contraste favela/asfalto, retrata problemas sociais, é musicalmente interessante e a dança encaixa-se perfeitamente.

Apesar de todos os problemas o filme tem ótimas músicas (se tirarem os raps e considerarmos só as músicas) e ótima dança. Não é nada a mal para o que talvez seja o primeiro musical feito no Brasil.

Trailer

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Ensaio sobre a Cegueira (José Saramago)


Quando fizemos o blog ficou combinado que sempre que lêssemos um livro escreveríamos a respeito. Bom estou tirando o atraso agora...

Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.


Com essa frase começa Ensaio sobre a Cegueira, de José Saramago, ganhador no prêmio Nobel de literatura de 1998. O livro retrata um epidemia de cegueira, mas como o título mesmo diz é um ensaio de como viveríamos num mundo de cegos.

No livro não temos nomes, temos o médico, a mulher do médico, a rapariga dos óculos escuros, o velho da venda preta, o primeiro cego, e mais tantos anônimos descritos por essas "características", muitas delas nos fazem refletir sobre a cegueira, pois de que importam os óculos escuros, as vendas pretas e o estrabismo se todos (antes que me corrijam, nem todos) são cegos?

Mas não é a cegueira o foco do livro, e sim a natureza humana, e o que realmente somos, sobre o que acreditamos. E mesmo os velhos ditados "O pior cego é aquele que não quer ver" e "Na terra de cegos quem tem um olho é rei" são revisitadas e "ensaiados" sobre essa ótica da cegueira branca e reveladora da natureza humana.

O livro é uma boa oportunidade de conhecer o estilo do único ganhador do Nobel de língua portuguesa. No começo pode ser estranho ler os termos em português de Portugal não comuns no Brasil e a maneira que Saramago escreve, com pontuações mínimas e diálogos corridos. Mas é com certeza uma leitura prazerosa, acabei lendo o livro em um final de semana.

Uma das razões do post ser hoje é que o o filme baseado no livro lançou seu site oficial e seu primeiro trailer (que não mostra muita coisa). Tenho esperança de que este seja um ótimo filme, pois se baseia num ótimo livro e tem a direção do nomeado ao Oscar, Fernado Meirelles. Que disponibilizou um blog onde durante a produção do filme foi contando alguns detalhes, vale a pena dar uma conferida.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Neuromancer (William Gibson)


O filme Matrix foi considerado revolucionário, e até hoje é bastante discutido. Em 2014, ao completar 15 anos do seu lançamento (1999), o que podemos esperar do seu legado?

Essa pergunta, se feita referindo-se ao livro Neuromancer, ficaria assim: "Em 1999, ao completar 15 anos de seu lançamento (1984), o que podemos esperar do seu legado?". A resposta é clara, o filme Matrix. E não apenas isso, cito Matrix pois nos filmes têm referências (e não são poucas) ao universo criado no livro. Mas com certeza o maior legado de Neuromancer é a cultura Cyberpunk.

Neuromancer foi o primeiro romance a fazer sucesso utilizando a fórmula tão cultuada em Matrix, trazendo hackers, corporações mundiais, policiais monitorando IAs, e toda atmosfera distópica. Um mundo onde o orgânico e o tecnológico se misturam, o real e virtual são vizinhos, e todo o futurismo que conhecemos tão bem hoje, mais de 20 anos depois da descrição criada por Gibson.

O livro é uma leitura obrigatória para os fãs dessa cultura Cyberpunk, e para todos que apreciam um bom livro, já que Gibson usa elementos diversos para montar um universo único, como por exemplo adoradores de Jah rastafaris, IAs com um traço de humanidade (uma até decora uma sala com uma obra de Marcel Duchamp) e humanos com implantes cibernéticos.

O mais interessante é que, um livro que retrata uma cultura futurista com computadores exercendo papéis fundamentais foi escrito na máquina de escrever. Como descreve o próprio William Gibson em seu blog.

PS: Existe o rumor de que o filme sobre o livro vai ser feito, espero que façam direito, pois vai ser uma pena o livro ficar marcado por comparações do filme com The Matrix, coisa que certamente vai acontecer.