domingo, 7 de dezembro de 2008

Orgulho de Bagdá


Antes mesmo de eu começar a elogiar descaradamente (e novamente) o trabalho de Brian K. Vaughan, não posso negar que em qualquer lista atual de quadrinhos não podemos descartá-lo. Nos últimos 3 anos ele ganhou "apenas" 5 prêmios Eisner, e entrou pra seleta lista de ganhadores de melhor roteiro (já que só o Alan Moore e o Neil Gaiman levam o prêmio ano após ano a lista de ganhadores é bem limitada).

Mas o assunto em si é a hq "Orgulho de Bagdá". Inspirada numa história real de 4 leões que em meio a um bombardeio em Badgá escapam do zoológico para serem fatidicamente mortos por soldados americanos. Como em todos os roteiros de Vaughan, precisamos de apenas uns quadros para criamos uma empatia com os personagens. Em "Orgulho de Badgá" temos os 4 leões, uma anciã, que por conta da vida sofrida que levou na selva (onde acabou perdendo um olho) tem no zoológico a sua zona segura. O macho alfa, que como um legítimo rei da selva se mostra abatido, por não poder ver o seu reino, quando a paisagem do pôr do sol no horizonte é trocada pelas paredes do zoológico. Uma jovem leoa, que sendo capturada ainda criança, ainda tem o ideal rebelde e o sonho da liberdade, que deve ser conquistada, além de seu filho, um leãozinho nascido em cativeiro, que nunca teve contato com a realidade fora de sua jaula.

Ao constatar pelo desespero dos pássaros, de que o céu está caindo, eles não têm idéia de que estão no meio de um bombardeio. E suas vidas mudam na hora em que um míssel atinge suas cela. Agora eles são livres, estão livres da jaula, mas estão no meio de uma selva de pedra, que eles não entendem. Não demora até que suas convicções e ideologias entrem em conflito, e é nesse ponto em que podemos ver claramente algumas críticas dos tempos de guerra em que vivemos. Que fazem com que os diálogos (que são mais discussões do que diálogos) ganhe um tom atual e de interessantes reflexões.

Se fosse somente pelo texto já teríamos aí uma grande hq, porém os desenhos de Niko Henrichon são fantásticos e dão um ar leve ao contexto pesado. Fora isso, temos referências visuais muito interessantes, como os macacos e o pequeno leão (visualmente igual a uma cena de Rei Leão), também temos a tartaruga anciã que introduz a realidade aos leões que lembra o visual da tartaruga de Procurando Nemo.

Como não podia deixar de ser temos em "Orgulho de Bagdá" uma obra de arte pautada sobre uma história real, que leva a discussão sobre a nossa realidade. Ou seja mostra quão relevantes quadrinhos podem ser quando usado como mídia para levar idéias e discussões de uma forma simples e objetiva.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Batman - A Piada Mortal


Enquanto fazíamos a lista acabamos por perceber que quando se trata de Batman, "A Piada Mortal" não é a graphic novel favorita de nenhum dos 3 autores dos blogs. Mas então qual é a razão desta hq estar na lista e não as outras? Talvez um motivo simples, todos concordam que "A Piada Mortal" é uma das melhores histórias do Batman e nada mais justo que colocar na lista a visão do Coringa por um gênio dos quadrinhos, ninguém menos que Alan Moore.

É graças a essa hq que pudemos ter a memorável atuação de Heath Ledger como Coringa, já que o Coringa clássico sempre foi tratado como um palhaço, com planos mirabolantes para capturar o Batman, com seus brinquedos extravagantes (como visto na interpretação do Jack Nicholson), apesar de ser lançado em 88, o Coringa de "A Piada Mortal" nunca chegou a ser uma unanimidade (ainda em 94 por exemplo temos "Batman: Louco Amor" de Paul Dini com o Coringa palhaço). Mas, sem dúvida o que vemos no tão aclamado Coringa do filme são as caracteristicas dadas por Alan Moore e Brian Bolland (visto a clássica imagem da risada enloquecida e psicopata).


Essas razões fazem com que "A Piada Mortal" seja justamente incluída em qualquer lista de quadrinhos, afinal não é sempre que temos o mestre Alan Moore criando uma nova visão para um personagem clássico, visto que se analisarmos friamente, o Batman está longe de ser o protagonista nessa hq. E o Coringa além de psicotico não foge suas origens de "palhaço", com visto nas últimas páginas. Mas esses detalhes não vou contar, pois se você ainda não leu "A Piada Mortal" já passou da hora de lê-la.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

And the Eisner Goes To ...

Era uma vez, três amigos que gostam o suficiente de história em quadrinhos ao ponto de serem capazes de passar a madrugada (a noite, a manhã ou qualquer outra expressão que meça tempo) inteira lendo e discutindo as diferenças entre a crítica social presente (ou não) no Tio Patinhas, ou as semelhanças entre Nick Hornby e Brian Vaughan.

A lista que colocamos aqui é o fruto de discussões acirradas, que levaram em conta características como relevância histórica, argumento, traço, roteiro e, é claro, gostos pessoais. Como toda lista que se preze, essa não pretende agradar a todos, até porque não agradou inteiramente nem àqueles que a fizeram.Cada um de nós irá fazer um post, com as informações das HQs e os argumentos que fizeram com que elas fossem consideradas "dignas" de morarem em nossa lista.

E como o santo é de barro, também faremos posts sobre aquelas que gostaríamos de ter colocado na lista mas, ou não fomos convincentes o suficiente, ou fomos espíritos de porco o suficiente.
So, that's all, folks!
Enjoy.

  • 1602 (Neil Gaiman e Andy Kubert)
  • Academia Umbrella - A Comitiva do Apocalipse [Umbrella Academy] (Gerard Way e Gabriel Bá)
  • O Alienista (Fábio Moon e Gabriel Bá)
  • Asterix: O gaulês (René Goscinny)
  • Batman: A Piada Mortal [The Killing Joke] (Alan Moore e Brian Bolland)
  • Charlie Brown [Peanuts] - (Charles Schulz)
  • Um Contrato com Deus [A contract with God] (Will Eisner)
  • Entre a Foice e o Martelo [Red Son] (Mark Millar e Dave Johnson)
  • Fugitivos [Runaways] (Brian K. Vaughan e Adrian Alphona)
  • Hellblazer: Pecados Originais [Hellblazer: Original Sin] (Jamie Delano e John Ridgway)
  • Malvados (André Dahmer)
  • Maus (Art Spiegelman)
  • Morte: O Alto Preço da Vida [Death: The High Cost of Living] (Neil Gaiman e Chris Bacholo)
  • Orgulho de Bagdá [Pride of Baghdad] (Brian K Vaughan e Niko Henrichon)
  • Persépolis [Persepolis] - (Marjani Sartrapi)
  • Preacher (Garth Ennis e Steve Dilon)
  • Rê Bordosa (Angeli)
  • Sin City: Dama Mortal [Sin City: A Dame to Kill For] (Frank Miller)
  • The Spirit (Will Eisner)
  • Tintin (Hergé)
  • Watchmen (Alan Moore e Dave Gibbons)
  • WE3 (Grant Morrison e Frank Quitely)
  • V de Vingança [V for Vendetta] (Allan Moore e David Lloyd)
  • Y! - O Último Homem [Y! - The Last Man] (Brian K Vaughan e Pia Guerra)