sexta-feira, 30 de março de 2012

Deus, um Delírio - Richard Dawkins

Livro: Deus, um Delírio - The God Delusion

Autor: Richard Dawkins

Tradutor: Fernanda Ravagnani

Editora: Companhia das Letras

Ano: 2006

Nota: 4 argumentos lógicos

Sinopse da Editora: Num tempo de guerras e ataques terroristas com motivações religiosas, o movimento pró-ateísmo ganha força no mundo todo. E seu líder é o respeitado biólogo Richard Dawkins, eleito recentemente um dos três intelectuais mais importantes do mundo (junto com Umberto Eco e Noam Chomsky) pela revista inglesa Prospect. Autor de vários clássicos nas áreas de ciência e filosofia, ele sempre atestou a irracionalidade de acreditar em Deus, e os terríveis danos que a crença já causou à sociedade. Em 'Deus, um delírio', seu intelecto afiado se concentra exclusivamente no assunto e mostra como a religião alimenta a guerra, fomenta o fanatismo e doutrina as crianças...


“Opinião, futebol e religião não se discutem.” Quem nunca ouviu esse ditado? Sempre vemos pessoas discutindo futebol e opinião, mas e quanto a religião? Aprendemos desde criança que religião é um assunto que não se deve discutir. O que Dawkins propõe com “Deus, um delírio”, é que devemos sim discutir religião, principalmente por que este assunto, ao contrário do consenso, não é somente uma questão pessoal já que os dogmas interferem diretamente nas questões públicas.

A principal façanha do livro de Dawkins é o feito de tornar-se um best-seller apoiando o ponto de vista ateu. O preconceito contra quem optou pela não crença em divindades é consideravelmente grande, mesmo em países libertários. E tanto para lutar contra este preconceito, quanto para defender (por argumentos) o ponto de vista ateu/agnóstico/cético, que Dawkins escreveu um livro que coloca todos os dedos, nas feridas mais doloridas do “assunto que não se deve discutir”.

O livro elenca e refuta vários dos argumentos teístas, e os refuta sem nenhuma clemencia. Nesse particular reside um dos maiores defeitos do livro. Dawkins optou por argumentar e reforçar sua posição dando exemplos pessoais, de forma que a reposta fica diluída em histórias, perdendo assim (em minha opinião) o peso e o impacto de um argumento bem estruturado e direcionado. A provável intenção do autor por esta escolha literária tem a ver com a ideia de criar um texto mais humanista, só que pelo fato da informação que importa esta diluída em uma história pessoal, pode fazer (como de fato acorre) alguém com o ponto de vista contrário interpretar a resposta como uma fuga deliberada das perguntas que ele (o autor) se propôs responder. A despeito disso não encontrei no livro nenhuma informação equivocada (exagerada as vezes, mas não equivocada).

Pra mim o grande diferencial de “Deus um Delírio” em relação a outros livros de mesma temática é a crítica atroz contra a doutrinação infantil. Extraindo uma parte do livro:

"Nossa sociedade, incluindo o setor não religioso, já aceitou a ideia absurda de que é normal e correto doutrinar crianças pequenas na religião de seus pais, e colar rótulos religiosos nelas — "criança católica", "criança protestante", "criança judia", "criança muçulmana" etc. —, embora não haja nenhum outro rótulo comparável: não existem crianças conservadoras, nem crianças liberais, nem crianças republicanas, nem crianças democratas. Por favor, conscientize-se e faça barulho sempre que vir isso acontecendo. Uma criança não é uma criança cristã, não é uma criança muçulmana, mas uma criança de pais cristãos ou uma criança de pais muçulmanos. Essa nomenclatura, aliás, seria um excelente instrumento de conscientização para as próprias crianças. Uma criança que ouve que é "filha de pais muçulmanos" perceberá imediatamente que a religião é algo que cabe a ela escolher — ou rejeitar — quando tiver idade suficiente para tal”.

Pra não me alongar muito minhas considerações finais são as seguintes: “Deus um Delírio” não traz muita informação nova para quem é “ateu veterano”, mas mesmo assim vale a leitura e para quem está dando os primeiros passos no caminho do livre pensamento o livro é uma ferramenta utilíssima.

terça-feira, 13 de março de 2012

Eu sou o Número Quatro - Pittacus Lore


Livro: Eu sou o Número Quatro - I Am Number Four
Autores: Pittacus Lore
Editora: Intrínseca
Tradução: Débora Isidoro
Lançamento: 2011
Nota: 2.4 Poderes aleatórios [1 a 5]
Sinopse da editora: Nove de nós vieram para cá. Somos parecidos com vocês. Falamos como vocês. Vivemos entre vocês. Mas não somos vocês. Temos poderes que vocês apenas sonham ter. Somos mais fortes e mais rápidos que qualquer coisa que já viram. Somos os super-heróis que vocês idolatram nos filmes e nos quadrinhos — mas somos reais.

Nosso plano era crescer, treinar, ser mais poderosos e nos tornar apenas um, e então combatê-los. Mas eles nos encontraram antes. E começaram a nos caçar. Agora, todos nós estamos fugindo.

Não, não é bom. Infelizmente... Tinha tudo pra dar certo, aliens, super poderes, guerras intergaláticas, um herói pra salvar o universo... Mas o autor teve uma quedinha a lá Crepúsculo, afinal, pra que salvar o planeta, meu primeiro beijo é muito mais importante...

Não que eu odeie o amor e afins, "Meu primeiro amor" é um filme (velho) que eu gostei, mas tem a temática toda voltada pra isso...

Agora mais comparações (esdrúxulas), no Percy Jackson, cada um ganha armas e habilidades de acordo com o Deus ou Deusa que é seu pai/mãe. Mas o nosso amigo aritmético ali ganha poderes aleatórios + telecinese , sério? Lanterna nas mãos? eu até pensei que seria útil, em algum momento mas... deixa pra lá...

Para tudo!!! Agora você não precisa mais ser um alien pra aprender telecinese clique aqui e seja feliz!!! Um blog que ensina telecinese, agora eu já vi de tudo...

Voltando ao livro, a leitura é leve e sem grandes revelações ... O personagem que eu gostaria de saber mais é o bichinho de estimação metamorfo, que, pelo que tudo indica, é o mais poderoso, porém, o menos utilizado, uma pena...

E na página 17:
"O mato invade a estradinha de cascalho, cheia de buracos com água lamacenta.Henri para e desliga o motor da caminhonete."
Não espere por muito mais que isso mesmo...

Pergunta: se você tivesse um bicho de estimação metamorfo, como você iria para a escola:
(a) Correndo;
(b) Voando num Dragão e gritando FUS RO DAH;
(c) Montado em um rinoceronte;
(d) Acompanhado de um Tiranossauro Rex;
(e) Qualquer uma das anteriores, menos a opção "a".

quarta-feira, 7 de março de 2012

Grau 26: A Origem - Anthony E. Zuiker


Livro: Grau 26: A Origem - Level 26: dark origins
Autores: Anthony E. Zuiker
Editora: Record
Lançamento: 2010
Nota: 3.7 Barras de manteiga para entrar na roupa de Látex [1 a 5]
Sinopse da editora: Comandado pelo talentoso detetive Dark, um grupo de investigadores de elite segue o rastro de um assassino tão terrível — responsável por matar, violentar, mutilar, envenenar e torturar brutalmente 35 pessoas em seis países durante 23 anos — que não se encaixa em nenhum dos 25 graus de psicopatia conhecidos, obrigando a lei a criar uma nova classificação de crueldade para encaixá-lo. Seu nome é Sqweegel. Seus alvos: Qualquer um. Seus métodos: Ilimitados. Sua classificação: Grau 26.


A proposta do livro é ser o Primeiro Romance Digital Interativo, ou seja, de tempos em tempos o livro apresenta uma senha que possibilita ver um vídeo sobre o que está acontecendo no livro, o vídeo sempre acrescenta algo e intensifica a leitura, mostrando os personagens, os cenários e outros detalhes.

Bom, na minha opinião, não foi interessante, os atores são ruins e as interpretações são fracas, apesar de que, interpretar uma cena cena amarrada, semi-nua e sendo açoitada por uma lâmina não deve ser fácil, mas isso interfere na criação/imaginação dos personagens e na muda a dinâmica do modo de ler um livro, principalmente porque tem que parar de ler, ir até o computador, entrar ver e voltar a ler (o que nem sempre é possível, dependendo onde você costuma ler). Portanto, vou ignorar essa parte do livro e seguir a resenha só do livro.

FBI, Criminosos à solta e toneladas de corpos, poderia ser mais um livro sobre assassinatos se não fosse os detalhes, o requinte de crueldade, a maldade em cada ato, em cada frase do livro. Não que ele assuste, mas você se sente mal por estar lendo aquilo e participando dos atos, principalmente quando ele envolve crianças e senhorinhas viúvas...

O livro é dinâmico, rápido e direto, o final é condizente e não apela para o final feliz, nem para um final trágico é apenas um final (ou Início, já que o subtítulo é "A ORIGEM").

A capa chama atenção por ser o criador de CSI, série que eu sou fã, apesar de ter ficado ruim com a saída do Grissom... O livro usa os mesmos mecanismos da série, pra quem é acostumado à ela, vai curtir.

O personagem que eu gostaria de saber mais é do passado do Sqweegel, suas motivações e idéias, apesar do livro mostrar um pouco isso, não se tem ideia de como tudo isso começou... O livro foi emprestado pela Carla, mas é da Isadora, obrigado pelo empréstimo e... já comprou o 2?

E na página 17:
"Lentamente ele se esgueirou subindo mais uma plataforma, cada vez mais alto, procurando algum reflexo ou indício do monstro, mas havia pouca luz. Respirando com rapidez ergueu o corpo até mais um nível, procurando desesperadamente espreitar além do limite da tábua, expondo a cabeça e o pescoço ao desconhecido. Se pudesse enxergar..."

Fica a pergunta que não quer calar, o que você escolheria, bastão de beisebol, cabo de vassoura ou o membro propriamente dito ?

sábado, 3 de março de 2012

Lágrimas do Dragão - Dean Koonz


Livro: E tem outra coisa... - Dragon Tears
Autores: Dean Koonz
Editora: Record
Lançamento: 2003
Nota: 5 Golens Assassinos [1 a 5]
Sinopse da editora: Harry Lyon é um homem racional, um policial correto e metódico que se recusa a deixar o trabalho endurecer sua alma. Sua parceira, Connie Gulliver, ao contrário, sempre adorou o caos. Mas apesar de acreditar na ordem e na razão, um dia Harry se vê forçado a matar um homem, e a partir de então sua vida se transforma em um terrível pesadelo. Um mendigo misterioso, com olhos vermelhos, profere as palavras assombrosas que parecem prenunciar a morte de Harry: "Tique-Taque, Tique-Taque. Você vai estar morto dentro de dezesseis horas... Morto ao amanhecer... Morto ao amanhecer... Morto ao amanhecer..." Lágrimas do Dragão revela um lugar inimaginável, cheio de surpresas e perigos fatais, onde o mestre Dean Koontz constrói uma espantosa obra-prima de suspense arrepiante até o último momento.

Bom, pra quem já leu algum livro do tiozinho ai (Velocidade, Do Fundo dos Seus Olhos, ...) já sabe o que esperar, tensão, suspense do começo ao fim, surpresas a cada virada de página e um teco de espetacular, de mágico, de fuga da realidade.

O livro é muito bacana, totalmente viciante, numa narrativa rápida, desesperada, sem perda de tempo. A narrativa se faz por vários personagens, um nada convencional, e com nenhuma relação no começo. Mas cada um mostrando a sua perspectiva da estória, realmente é indispensável de se ter na coleção.

"As pessoas são estranhas com relação a um monte de coisas, uma delas é a comida. Um monte de gente guarda comida, não quer que você tenha nem um pouco - e depois jogam um bocado fora, em latas onde a comida foi deixada até feder e ser capaz de causar doenças. Se você derruba as latas pra pegar a comida antes que ela seja capaz de provocar doença, as pessoas veem correndo e gritando e caçando como se você fosse um gato ou coisa do tipo."

E na página 17:
"Nenhum sinal de tensão era visível em seu rosto bastante suave, e sua postura era relaxada - mas as mãos se fechavam com força dos lados do corpo, como se ele mal pudesse controlar a ânsia de atacar alguém. Seu sorriso vago reforçava o ar de ausência - mas o sorriso ia e vinha, oscilando incerto, um atestado sutil de seu tumulto interior."

Eu escolhi o livro porque a Isadora recomendou e pronto, mais um pra estante... Não teria nenhum personagem que eu gostaria de saber mais pois todos tem já sua estória relatada, de onde veio e tudo mais, criação de personagens nota 10...

O problema de se ler um livro desse é saber que coisas ruins acontecem com pessoas boas, não só com pessoas boas, mas invariavelmente acontece. E estamos caminhando para um mundo melhor ou um mundo cada vez mais incompreensível?