quinta-feira, 23 de agosto de 2012

PULP - Charles Bukowski


Livro: PULP
Autor: Charles Bukowski
Tradutor: Marcos Santarrita
Editora: L&PM Pocket
Ano: 1994
Nota: 4 copos de whisky [1 a 5]

Sinopse da Editora: Não há como sair incólume desta história. A saga de Nick Belane poderia até ser igual a de tantos outros detetives de se­gunda categoria que perambulam pelas largas ruas de Los Angeles. Mas aqui, mulheres inacreditáveis cruzam pernas compridas e falam aos sussurros, principalmente uma que atende pelo nome de Dona Morte. Como nos velhos livros policiais de papel vagabundo, subliteratura pura, a quem Charles Bukowski dedica solenemente Pulp. [...]



Sabe quando você lê a obra certa, para o momento certo da sua vida? Foi mais ou menos isso o que ocorreu com PULP. Não! Calma lá. Não tem nada a ver com bebidas, prostitutas ou corridas de cavalo. Mas isso não é da sua conta, ok? 

Prosseguindo... 

Esta foi a primeira obra que li de Bukowski, e posso dizer que gostei bastante. Em PULP ele emprega muitos clichês, mas indiscutivelmente trata-se de uma escolha estilística, o próprio nome nos dá a dica. As Pulp Fictions eram revistas baratíssimas, feitas com papel de baixa qualidade, chamado de polpa (ou pulp em inglês).  Estas revistas ou livros vendidos em bancas de jornal traziam principalmente histórias de fantasia e ficção científica. Contos rápidos, divertidos e sem nenhuma pretensão literária.

Aqui o autor explorou de forma muito sagaz os lugares-comuns da literatura pulp, principalmente dos romances Noir, estilo que se popularizou no cinema na década de 50. Essencialmente são: filmes em preto e branco, com um detetive particular falido, que é contratado por uma mulher voluptuosa, para investigar o marido adúltero, ele faz suas investigações enquanto narra a própria vida com muitos trocadilhos e ironia. No meio da investigação ele descobre que existe uma trama maior por trás de tudo.

Um dos arquétipos mais recorrentes nas histórias noir é a Femme Fatale, aquela mulher com olhar matador, cujo movimento dos quadris ao andar traçam um desenho sinuoso e hipnótico. Apesar de toda a beleza esta garota é muito perigosa, se envolver com ela é encrenca certa. E que nome mais fabuloso para uma Femme Fatale, que Dona Morte?

Bukowski brinca com outros gêneros literários, da ficção cientifica pop da década de 50, simplório e sem fundamentos científicos ao western fanfarrão e fortuitamente agressivo.

Essa escolha no estilo parece ter irritado bastante a galerinha do: “Eu li Clarisse Lispector com 13 anos de idade”, não entenderam bem a piada.  Essa gente bem mimada com literatura de qualidade desde cedo, nunca vai saber o que é ler por diversão. 

Mas tudo bem, essa é só a primeira camada do livro, no fundo ela é uma obra carregada de existencialismo. Retratando bem o vazio de ser uma peça que não se encaixa no mundo. E a despeito de toda amargura e podridão, o texto é bem divertido, com uma dose pesada de ironia. Se me permitem a máxima popular: “A gente tem que rir pra não chorar”.